Passou por Lisboa algo de um outro mundo, num espectáculo melancólico, com imagens pitorescas e ainda nuances de Madonna, Lady Gaga trouxe uma enorme produção musical e acima de tudo visual. É visível a sua completa indumentária pop e da qual não prescinde, se bem que adoro as suas baladas. Num ambiente de pura exaustão, a euforia foi o que mais se sentiu em todo aquele Pavilhão Atlântico. Ainda que com um enredo simples consegue criar algo seu. Um palco bem estruturado com uma catwalk e diversos elevadores, embora o ecrã gigante não tenha sido usado da melhor forma.
O intro simples mas assertivo, começa com "Dance in the dark", em que com um fato não muito original se apresenta em Terras Lusas com uma vontade e espírito notáveis. O conceito de lutar pela liberdade e de todos sermos especiais esteve bem patente durante todo o concerto. Seguindo-se "Glitter & Grease" em que no palco está um carro, que rapidamente é usado como piano no tão famoso "Just Dance", em que Gaga mostra alguns dos seus dotes vocais. Prossegue com "Beautiful, Dirty, Rich" em que os seus bailarinos têm oportunidade de brilhar com alguns passos de dança.

Com as vestes menos comuns, apresenta-se de novo a cantar "Fame", muitos não conhecem mas aproveitam para dançar. O interlude que se segue é trágico ainda que capte a atenção de todos. Será agora a vez de uma carruagem entrar em palco, em que Lay Gaga com um fato duvidador apresenta "Love Game", foi sem dúvida alguma um excelente momento, com figurinos a rigor. Passado "Money Honey", é servido em tom de compaixão "Telephone", música partilhada com Beyoncé, em que o público recebe estrondosamente o tema.
Começava agora a melhor parte do espectáculo para mim, iniciando uma outra divisão da história contada nesta Monster Ball. Surgindo do solo em cima de um piano e ainda enrolada numa bandeira portuguesa inicia "Speechless", para mim foi tão espectacular que é indiscritivel, uma musicalidade excelente, é de referir que o som estava bastante bom. O seu carinho pelos fãs é inquestionável, "You and I" a balada do novo álbum Born this way, é simplesmente única e com garra e ferocidade tocada no piano e cantada por Gaga, torna-a num momento sublime.
Descem dois ecrãs redondos sobre a catwalk e rapidamente sobem, aparecendo bem no alto a rainha da noite de ontem, ao som de "So happy i could die". "Monster", mais um momento dançável. "Teeth" é um momento de garra e que com pouco sentido, os aplausos são eminentes, Lady Gaga mostra que não veio para brincar, e com a sua voz potente anima os ânimos. "Alejandro", é a cereja no topo do bolo, em que não houve ninguém naquele Pavilhão que não esforçasse os seus pulmões por gritar, já dificultados de respirar o ar tão abafado que existia. Até fogo existiu no cimo de uma estátua. "Poker Face" era mais que esperado. "Paparazzi" muito bem enquadrado, o monstro que aparece é mágico e Gaga aparece num elevador onde as suas partes mais intimas deitam fogo, surpreendente!

Como final mais que espectacular, "Bad Romance" faz as delicias de todos, uma voz única ecoava no recinto, a de todos os fãs e da Mother Monster, num fato escultural canta e dança com uma energia excelente contagiando qualquer um. O final de mais um concerto de Gaga, em que com autenticidade e humildade nos apresenta algo muito coeso, com um set list organizado e encaixado com a história que se pretendia contar.
As comparações a Madonna são inevitáveis, em muito se parecia com a Rainha da Pop, mas com dois anos de carreira o que se viu ontem é de congratular! Espero voltar a ver esta senhora tão promissora, ainda mais matura e sem tanto de Madonna em tour.